Texto metáfora-argumentativo
O MEU “EU”
Apeteceu-me fazer um poema, em prosa. Se o poema é magia, se a magia são palavras, porque não posso eu então fazer o que quero? Estou farta de falar por metáforas. Estou farta de ter de encontrar palavras certas e apropriadas para aquilo que não é digno de eufemismos.
Estou cansada. E o cansaço a que me submeto não passa senão de tristeza espiritual. Estou farta de rir. Estou farta de me drogar de riso. Sim, é verdade, sinto-me revoltada, não posso fazer mais nada. Apetece-me gritar, contudo, não quero mostrar aquilo que sou e aquilo que deixo de ser. Não quero baixar a guarda. Não quero deixar de sorrir. Porque sorrir é a minha maneira de chorar.
Esquisita, eu? Não, não sou esquisita, apenas fraca. Lutadora, eu? Porque haveria de o ser? Os lutadores são vencedores, os vencedores ganham troféus... e que tenho eu para ganhar? O vazio? O vazio de mim mesma? Talvez fosse melhor, talvez fosse mais apetecível. Sentir-me vazia. É que os nós na garganta são dolorosos. Estou farta de dor. Lembra-se leitor? Lembra-se do meu mar? O meu mar deixou de lá estar. Tornou-se um hábito, tornou-se sempre o mesmo. Já não gosto de olhar para ele. Já não gosto de olhar para mim. Já não gosto de gostar.
Peguei nesta caneta e o papel chamou-me existencialista. Eu, existencialista? A passar uma crise, ainda por cima? Não. Simplesmente não sou talhada do mesmo material. Só isso. Não sou talhada da mesma matéria. Não quero ser discriminada, mas também não quero que me deixem em paz.
Mas… mas… mas… já deu conta da quantidade de vezes que disse mas? Mulher incerta? Não, mulher segura das incertezas que tenho, nada mais. MAS!, mas que segurança é essa que me aperta o estômago?
Maluca, dizem eles. Maluca por sofrer e por sentir. Maluca por me sentir “mastigada”, usada por mim própria… Mas que culpa tenho eu?
Tem razão, existo. É suficiente, eu sei. MAS qualquer dia deixo de respirar. Não que o faça de propósito, mas coração magoado é coração sofrido. Cansaço – lembra-se de lhe dizer que assim estava? Então porque continuo nesta artéria pulmonar? Respira, respira, respira… Mas só me subentendo e entendo na inspiração… A expiração? Não existe. Para mim, nem razão tem de existir.
E assim grito, leitor. Assim lhe grito, num suave sussurro ao coração.
08/10/07
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genialmente pensado por Tita às 19:50:00
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8 opinioes relvoltadas:
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(Ui, tu escrevestes buésda!) As crises existenciais são sempre más, obrigam-nos a pensar naquelas coisas que supostamente esquecemos no quotidiano, e o pior é que tentam sempre atingir-nos no ponto fraco, sem qualquer piedade. E quem tem crises existencias sabe muito bem disso. Pois o que te digo é que, como pessoas regularmente afectadas por estas crises que somos, temos de usar a cabeça e saber usar uma crise existencial a nosso favor, como que pô-la a trabalhar para nós, já que não adianta, como sabemos, ficar a chorar agarrado a uma almofada, embora muitas vezes ajude.
Tens de procurar nisto tudo egoísmo, expelindo os teus gritos de uma maneira que seja benéfica para ti (hmmm, acho que não sei bem o que tou a dizer...).
Repara, olha como usaste a tua crise para criares um excelente texto! Agora, compreende aquilo que escreveste e compreender-te-ás melhor, e por aí fora, sempre em diante, conhecer-te-ás melhor e viverás melhor contigo (supostamente é isso que deverá acontecer, por isso, cede tu primeiro e deixa-te levar, só tu sabes pelo quê...).
Eah, só escrevo é porcaria... e quem não escreve??
tao ca vou eu (o)pinar...:
nao sou o melhor comentador de textos que possa haver, de todo, mas neste texto denoto uma clara demonstração da maneira como tas a encarar a vida. O teu 'EU' esta numa clara evidencia a manifestar ao mundo a vontade que tens em te impor na sociedade, mas não da forma como a sociedade quer, mas sim como tu queres, sendo esse o teu direito como cidadã deste mundo. Tu dizes que "tas farta de rir", mas esse teu sorriso é algo que eu considero como o teu 'escape', ou, sendo mais objectivo, uma auto-defesa da pessoa que és...
Apetece-te gritar?! Então grita, de modo a que todo o mundo oiça (tinha que utilizar uma figura de estilo...), afirma-te como és e principalmente... RESPIRA!
Ola Tita, apenas tenho 3 palavras para descrever o amontoado de linhas que acabei de lêr!!
Ge ni al!!!!!
Adorei a forma confusa como te descreves, a ti e ao teu eu!!!
Parabens!!!
Beijo!
www.alucinados4ever.blogspot.com
é quando paramos, calamos e escutamos a vida que nos doi. doi e doi, volta a doer.doi até que lagrimas abafem o ruido do sofrer este que sentimos bem cá no fundo, este que sentimos que somos, uns reles incapazes de nos sabermos a nos mesmos, um castigo desta alma (ou lá que seja) viver amarrada a esta vida. e as mãos amarradas. e o não saber. já farta este castigo, já farta esta finitude. que me deixem expludir e ver-me em todo meu ser, em ver tudo em sua magnitude, não este arrogante táctil fraco e velho. bem...tenho pena dos que não sofrem, não sabem o bem que sabe ver o mundo atraves das lagrimas da incerteza, parece que tudo faz sentido...até a proxima queda
Tita!
Deixa-te disso!
Definiste Indefinida? És mulher não és? Ou será que até nisso tens dúvidas?
És feita de carne e ossos, não és? Pelo menos não és criação da nossa imaginação.
Existes, logo és! PONTO FINAL!
Estás num dia mau? Pode ser. Todos têm esse direito. Direito de se sentirem mal dispostos.
Olha à tua volta. Vê que estás viva. Estás viva não estás?
;)
Um beijo.
p.s. Olha! escrever dessa maneira dá um pica do caraças só de ler.
Será que obriado chega para demonstrar na realidade a mnha gratidão?! Um real muito obrigada! E um beijo daqueles que não acaba...
para todos!
Sorry não tenho geito nenhum para a poesia ... nem mesmo para opinar devidamente :)
Tita obrigada por me teres linkado ;)
Já te linkei também ;)
just breathe!!!
crises existençiais?!deixas me um pouco preocupado...
há alguma coisa que a eu possa fazer por ti? , tens aki um ombro amigo!
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